segunda-feira, 5 de agosto de 2019

83. POÇO AZUL

Sendo forjado nas armas de ferro e aço
foi com elas que abri meu tristonho caminho,
rompendo trincheiras de sangue e de espinho,
fazendo chover rimas de sol e mormaço.

Tive sonhos de cavaleiro de armadura
de bronze, de punho em riste, o gume da espada,
cortando raso o esteio da casa incendiada,
mortos chorando por dentro da sepultura. 

Rugir de serras rompendo a barra do dia,
meu ginete empina, o brilho da prataria
cega, meu gibão de couro protege o peito.

No delírio do granito, escorre no leito
água e espuma, gotículas no ar rarefeito,
lança quebrada, o poema no bico da harpia.