terça-feira, 4 de julho de 2017

49.DELÍRIO

Trago nas mãos a marca implacável

da lua vermelha no vasto sertão.

Árvores secas e trincado chão

orientam o caminho mensurável.


Ao largo esvoejar do bote execrável,

meu tordilho negro corre espantado,

e meu coração dispara abrasado,

ao tremor do gesto improvável.


Sem medo do túmulo irrenunciável,

a canção brotando do solo duro,

meu silêncio incendeia o quarto escuro.


Com as mãos tensas, o gesto imutável,

despedacei troncos no peito e no ombro,

e ouvi estalar meu grito com assombro.